A recente disparada no preço do petróleo no mercado internacional, impulsionada por um novo pacote de sanções contra o setor energético da Rússia, está trazendo reflexos importantes para o Brasil. A Petrobras enfrenta um cenário de defasagem significativa nos preços do diesel e da gasolina em relação ao mercado global, o que pode impactar tanto a economia quanto o setor energético do país.
De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem do diesel nas refinarias brasileiras, comparada ao preço praticado no Golfo do México, chegou a 22% na última sexta-feira (17). Já a gasolina apresentou uma defasagem média de 13%. Mesmo refinarias independentes, como a de Mataripe, que ajustam os preços semanalmente, estão comercializando o diesel 11% abaixo do mercado internacional e a gasolina com um preço 7% inferior.
Os preços do diesel e da gasolina não são reajustados pela Petrobras há 383 e 188 dias, respectivamente. No entanto, especialistas acreditam que essa defasagem não poderá ser sustentada por muito tempo sem causar impactos negativos. Sérgio Rodrigues, presidente da Abicom, ressalta que uma defasagem tão alta prejudica importadores e produtores de etanol, além de não ser sustentável diante do cenário cambial e da escalada do petróleo.
Além disso, eventuais reajustes nos combustíveis podem ter repercussões na inflação de 2025, especialmente nos meses de janeiro e fevereiro, que já enfrentam pressões de outros aumentos, como transporte público, mensalidades escolares e IPVA.
O mercado internacional de petróleo enfrenta um momento de restrição de oferta, agravado pelas novas sanções contra a Rússia. Essas medidas dificultam a comercialização de petróleo russo e aumentam a pressão sobre o equilíbrio entre oferta e demanda global. Países que dependem fortemente do petróleo russo, como Índia e China, podem buscar fornecedores alternativos, o que intensifica a disputa no mercado internacional.
No Brasil, essa situação agrava os desafios para a Petrobras e reforça a necessidade de reajustes para manter a competitividade no mercado global e evitar prejuízos.
A manutenção da defasagem atual pode trazer benefícios temporários, como alívio para o consumidor final, mas coloca desafios significativos para o setor de combustíveis. A pressão por reajustes é inevitável, e o impacto na inflação é uma preocupação crescente.
De acordo com André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), a gasolina, que compromete cerca de 5% do orçamento familiar, deverá sofrer aumento em breve, o que pode pressionar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro, após um alívio esperado em janeiro devido à redução na conta de energia elétrica.
Enquanto isso, a Petrobras ainda não anunciou uma data para os ajustes de preços, mas a alta do petróleo e as demandas do mercado global indicam que mudanças podem ser inevitáveis.
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