A indústria de óleos vegetais no Brasil está prestes a receber um significativo volume de investimentos. De acordo com um levantamento do Itaú BBA, as empresas do setor devem aplicar R$ 11,3 bilhões entre 2025 e 2027 para expandir a capacidade de esmagamento de soja. Esses aportes serão destinados a 13 novos projetos, que vão adicionar uma capacidade anual de 11,1 milhões de toneladas ao processamento da oleaginosa no país.
O principal fator que justifica esses aportes é a crescente demanda por biodiesel no Brasil, impulsionada por políticas públicas e pelo cenário global de transição energética. Segundo Lucas Brunetti, analista do Itaú BBA, "a produção de biodiesel, com demanda contratada até 2030, foi o principal estímulo para a expansão do esmagamento."
As projeções do banco indicam que o consumo de biodiesel no Brasil deve crescer de 9,3 bilhões de litros em 2024 para 12,3 bilhões de litros em 2027, acompanhando o aumento gradual na mistura do biocombustível ao óleo diesel, que chegará a 15% em 2025.
Outro marco regulatório que promete intensificar a demanda é a Lei Combustível do Futuro, sancionada em outubro, que prevê misturas de até 25% de biodiesel no óleo diesel. A estimativa do governo é que essa política possa atrair até R$ 260 bilhões em investimentos no setor nos próximos anos.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) calcula que atender a mistura de 25% exigirá R$ 52,5 bilhões em novas usinas e esmagadoras.
Com os investimentos mapeados, a capacidade de esmagamento no Brasil deve saltar de 59,8 milhões de toneladas em 2024 para 72,1 milhões em 2027, representando um crescimento anual de 6,8%. Consequentemente, a produção de óleo de soja — principal matéria-prima do biodiesel — aumentará em quase 3 milhões de toneladas, atingindo 12,8 milhões de toneladas no mesmo período.
Além disso, a produção de farelo de soja, subproduto do esmagamento, também crescerá significativamente, de 42,5 milhões para 49,2 milhões de toneladas. Esse excedente poderá beneficiar a indústria de proteína animal, que terá acesso a insumos com preços mais competitivos.
Embora o cenário seja promissor, o aumento na capacidade de esmagamento e na produção de farelo deve resultar em estoques finais de farelo de soja crescendo de 2 milhões de toneladas em 2023 para 4,9 milhões em 2027. Esse excedente exportável exigirá estratégias de mercado para evitar pressões negativas nos preços.
O setor de biocombustíveis brasileiro se consolida como um dos pilares da transição energética global, mostrando o potencial do país em liderar iniciativas sustentáveis e atrair investimentos bilionários que impulsionam tanto a economia interna quanto as exportações.
Fonte: Globo Rural
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