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Biodiesel B10 segue até março, segundo o CNPE

Ainda em dezembro, no dia 12, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu por manter a concentração de biodiesel no diesel em 10% até março de 2023. Além disso, o Brasil poderá aumentar a porcentagem do biocombustível para 15% a partir de abril, de acordo com nota do Ministério de Minas e Energia (MME), ficando para o próximo governo.

A partir de abril poderá vigorar o teor previsto na resolução CNPE de outubro de 2018, que propõe a evolução da adição obrigatório de biodiesel, caso não haja nova manifestação do conselho.

Possibilidade de inclusão do R5 da Petrobras

O CNPE sinalizou que a concentração obrigatória de biodiesel ao óleo diesel comercial admite qualquer rota tecnológica de produção, ou seja, pode incluir o combustível R5 da Petrobras, um produto obtido pelo coprocessamento de diesel com óleo vegetal, que foi testado numa proporção de 95% e 5%, respectivamente.

Segundo o MME, a adição de combustíveis obtidos por outras rotas tecnológicas ainda precisariam de regulamentação pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Tais decisões não agradaram a indústria de biodiesel, produzido majoritariamente a partir de óleo de soja e gorduras animais. Isso porque o R5 da Petrobras pode vir a ser um concorrente direto ao biodiesel.

Não é biocombustível”, disse o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski, à Reuters, ao comentar a possibilidade de o R5 ser adotado no país.

A Petrobras, no entanto, não comentou o assunto. A estatal tem afirmado que seu produto é eficaz, reduz emissões de gases poluentes e tem composição química semelhante ao diesel derivado do petróleo.

Mudança deveria ser gradual, diz Tokarski

Apesar de confiar que o país possa adotar a concentração de 15% de biodiesel no diesel a partir de abril de 2023, Tokarski acredita que a mudança deveria ser gradual, chegando a 14% já em março.

Isso porque a demanda de soja no Brasil para a produção de biodiesel poderia crescer cerca de 50% em 2023, caso o cronograma do B15 seja retomado, segundo a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio). Ou seja, a produção de óleo para biodiesel subiria para cerca de 30 milhões de toneladas em 2023.

Cerca de 70% do biodiesel tem soja em sua matéria-prima. Caso a demanda interna cresça para produção de óleo para o biocombustível, é provável que o setor reduza exportações do produto processado, que foram fortes em 2022, diante de uma mistura menor.

Manutenção de B10 é criticado pelo presidente da Aprobio

A decisão de manter a mistura de 10% de biodiesel no diesel comercial e a inclusão do diesel coprocessado foi duramente criticada pelo presidente do Conselho de Administração da associação Aprobio, Francisco Turra.

“Um golpe de morte em todo o setor e para toda a cadeia produtiva de biodiesel”, disse Turra.

O presidente lamentou a decisão ser tomada no final de um mandato, que havia sinalizado que uma posição sobre a mistura do biodiesel seria discutida com a equipe de transição.

quote“A improvável inclusão de diesel coprocessado é outra questão que carece de suporte técnico, dado que a própria Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) não considera o produto como biocombustível”, comentou.

Caso a decisão se confirme, o setor tratará com o governo eleito uma forma de reverter a decisão pelo impacto de “dimensões avassaladoras” sobre o setor de biodiesel e toda a cadeia produtiva.

Fonte: ISTOÉ Independente

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Leia também: Derivados de petróleo substituem biocombustíveis para conter os preços

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